domingo, 27 de novembro de 2016

Para Quem Se Ri Da Minha Solidão...



Ontem dei por mim a jantar com o meu namorado, uma lituana estranha e uma maltesa que já esteve num manicómio. Não precisámos de nos maquilhar, ou arranjar, ou rir alto sobre aquele amigo palerma. Não foi preciso levar uma garrafa de vinho. A única coisa que levámos foi algo incomum e raro: a nossa presença. Confesso que já fui em tempos uma daquelas pessoas que se preocupam com o que os outros dizem e pensam acerca de mim. Já me senti pressionada para ir a determinados sítios ou passar o meu tempo com pessoas sem interesse só porque parecia o correcto a fazer. E afinal de contas, como posso eu explicar a alguém que não quero desperdiçar o meu tempo com a sua companhia, vazia e sem conteúdo? 

Os meus interesses são distintos e é raro encontrar alguém que me faça sentir confiante o suficiente para conversar sobre assuntos que realmente me causam interesse. Eu não gosto de falar sobre novelas e tão pouco perco tempo com as discussões que os meus vizinhos teimam em começar às duas da manhã. Eu não quero nem saber. Quem nunca se sentou numa mesa com amigos, entre garfadas e gargalhadas, vinho e cerveja, vidas dos outros, trânsito e marcas de carros que queremos comprar? Eu já. Mas não me sentia realizada... Talvez "compreendida" seja a palavra correcta. Eu fazia-o porque toda a gente o faz. Mas não sei explicar quando, nem como, percebi que podia escolher. Podia ficar em casa. Sozinha. E a sociedade perguntava como era possível eu preferir ficar em casa a ler um livro em vez de pertencer a um grupo? Como?! Era assim que eu me sentia bem, e tomei coragem para assim continuar a ser. Bem sei que agora nesses jantares falam do facto de eu não socializar, a maluca do pijama sentada a ver um documentário enquanto o namorado vê uma série. A anti-social que só sai para jantar com o amor da vida dela, que prefere conversar com um gato e que em vez de falar escreve textos. Aquela pessoa estranha que vemos na rua a alimentar e a trocar miaus com gatos de rua e que ri alto no meio do supermercado quando repara que o namorado lhe escondeu o seu chocolate preferido no meio das compras. 





Como disse, hoje tenho jantares com pessoas estranhas, cheias de experiências verdadeiras para contar e que me fazem sentir bem. Que não se riem quando falo do que me interessa e que me transmitem ainda novos conhecimentos e mentalidades acerca da vida. Não temos de ter medo de ficar sozinhos até nos rodearmos das pessoas certas. Para todos aqueles que já se riram nas minhas costas por ser solitária, só tenho uma coisa para lhes dizer: não podemos aproveitar a companhia dos outros, se não soubermos primeiro saborear a nossa solidão.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

5 Sinais De Que Não Está No Caminho Certo...




Todos nós temos aqueles dias mais filosóficos, deprimidos, em que de repente toda a nossa vida nos parece inútil e um completo fracasso. Quem nunca sentiu que se as nossas escolhas tivessem sido outras teríamos tido muito mais sucesso? Aquele arrepio causado pelas palavras "e se"... Todos nós, uma vez ou outra, nos deparamos com tais pensamentos. E não há nada de errado nisso. Mas quando esta sensação de desconforto e de dúvida começa a ser frequente é um claro sinal de que não está no caminho certo e precisa de dar um abanão na sua vida. 


  1. Exagerar o sucesso dos outros - Sim, você sabe exactamente do que eu estou a falar! Quando a nossa carreira ou vida amorosa parece mais morta do que viva tudo o que os outros conquistam é para os nossos olhos um milagre inatingível, nem que tenhamos rezado o terço todos os dias. Como é que ele conseguiu?! Em primeiro lugar a maior parte destas situações nem são assim algo tão fora do nosso alcance. São aos nossos olhos porque menosprezamos os nossos feitos e capacidades, tantas vezes maiores! Sim, fica sempre bem ser humilde, mas se pensa que você nunca vai conseguir atingir tamanho sucesso, então temos um problema.
  2. Saber como vai ser a sua vida daqui a um ano - Ou pensar que sabe! Se já sabe toda a estória da sua vida para quê viver? Nunca confunda estabilidade com inércia. Há várias formas de apimentar a sua vida sem ser preciso afectar a sua melhor amiga estabilidade. Lembra-se daquele concurso do qual nunca teve coragem para se candidatar? Sabe aquele gatinho fofo que sempre quis ter? E aquela ideia de entrar no seu carro e conduzir sem destino, só você e a estrada? Pois... 
  3. Justificar sempre com as mesma desculpas - Amanhã vou ter mais tempo, amanhã vou ter menos sono, amanhã os astros vão estar alinhados com o meu signo, amanhã vou ter mais energia, amanhã vou ter mais criatividade... O presente já foi o amanhã de ontem! E um dia simplesmente não haverá mais amanhã. 
  4. Muitos sonhos e poucos planos - Todos nós desejamos montes de coisas, por isso feche os olhos e pense qual é o seu verdadeiro sonho, aquilo que lhe faz vibrar o coração e a alma. Comigo foi fácil, sempre soube que a minha paixão era a literatura. Mas mesmo assim demorei anos até pegar no projecto do meu livro com a dedicação que ele merecia. Porque o meu sonho era grande, mas o meu plano para o concretizar era inexistente. Até ao dia em que decidi levar para o meu emprego um caderno e comecei a escrever na hora de almoço... Faça um plano, estabeleça metas. O sonho é seu, molde-o com as suas mãos e verá que finalmente está a avançar no caminho certo.
  5. Acha que o que acabou de ler só funciona para os outros - Então é porque precisa de ler o artigo novamente, desta vez com mais atenção.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Ser Humano Ou Ser Estúpido?


O ser humano comete erros. O ser estúpido comete os mesmos erros, uma e outra vez. A nossa história repete-se vezes sem conta. Mudam as tecnologias e o modo de vestir, mas os valores do ser humano permanecem duvidosos, muito duvidosos. A vitória do Trump não é um mero acaso, nem tão pouco um acto de desespero por parte dos americanos contra os emigrantes que lhes tiram o emprego ou contra os muçulmanos que lhes ameaçam a segurança. Não. A eleição do Trump vai muito mais além: é o reflexo de uma sociedade que não tem a mínima noção das consequências que os seus actos podem trazer. É uma alienação total da nossa condição como espécie, que se deve preocupar com o seu futuro enquanto um todo. Sim, porque nós, apesar de estarmos no topo da cadeia alimentar, podemos acabar extintos, quais dinossauros. Mas ao contrário destes, há uma elevada probabilidade de sermos nós próprios a acabar com a espécie humana.

Eu não quero saber se o Trump ganhou as eleições! Não é esse o nosso problema! O GRANDE problema é haver mulheres que votam em alguém que claramente menospreza e abusa do seu género, é haver um homem que se identifica com alguém assim, é haver um povo que vota numa pessoa sem credibilidade, sem experiência, racista, xenófobo e claramente perigoso na sua maneira de pensar. O nosso problema não foi o Hitler, mas sim os alemães que o apoiaram e elegeram. Não saberiam eles as consequências dos seus actos? Sabem os americanos por acaso? Porque por detrás destes monstros está sempre um povo que lhes estendeu a passadeira vermelha. Sim, a culpa é nossa. Enquanto espécie. E se pensamos que os americanos são uns idiotas é porque ainda não entendemos este ponto crucial: nós somos uma espécie! Nós próprios criámos este sistema educacional que não nos ensina a criticar o que nos dizem, que não nos dá espaço para reflexão. Nós todos criámos um mundo onde dizer a verdade é ser ingénuo. O Trump não é uma surpresa nem o resultado de votos desesperados, o Trump é o reflexo mais genuíno que temos da nossa sociedade actual.