quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Para sorrir eu só preciso da Catarina

Catarina Miranda (ou deverei dizer Emmy Curl?): a versão feminina do Salvador Sobral, a weird do grupo, a lésbica (não faço ideia!)... A minha favorita. É verdade, aqui estou eu a escrever sobre o Festival da Canção, mas penso que é um bom sinal. Mudam-se as parolices, mudam-se as vontades.

Todos pensam que foram originais, mas a verdade é que poucos o conseguiram. Ser bom torna-se fácil quando temos lixo como termo de comparação. Mas ser original não o é, nem pode ser forçado. É algo intrínseco. E de entre tantos candidatos, apenas consegui ler o coração de um, o da Catarina. Como não conseguimos ler sentimentos, resta-nos o olhar...

Fazer caras feias a cantar todos fazem. Pensam que lhes dá um ar mais profissional. Fica bem, passa a sensação de que estão realmente a sentir o que cantam. Mas ser verdadeiro é algo diferente. Difícil de identificar até, quando quase tudo à nossa volta é feito de um artificial que procura ser original. Quando até o nosso reflexo no espelho é tantas vezes uma mentira do nosso eu. Mas a Catarina, meio criança, meio apaixonada, trouxe-nos oxigénio. Não diferença, porque no meio de tantos a quererem ser diferentes a diferença torna-se igual. Trouxe sentimento. Esqueci-me que estava a ver um programa de televisão e entrei no mundo encantado. No seu mundo encantado.




A Catarina pode ser única, tal como o foi o Salvador. Mas é mulher. É engraçado como as pessoas não aderem tanto à diferença quando se trata de uma mulher. Parece que não fica tão bem. Muitos dizem que isso não é verdade, que é pura teoria da conspiração. Mas é o mundo em que (ainda) vivemos. Por isso tinha que deixar aqui uma referência ao sexismo, já que ele existe, é real. O homem original é diferente e culto, a mulher é tolinha.

A Catarina é diferente. Para melhor. É um mundo especial. Nem todos lá conseguem entrar. O que só a torna mais especial.