quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Dois bolsos, Duas caras

Honra é uma palavra encontrada em livros antigos, hoje inexistente. É por isso passado. Já de nada servem as promessas de sangue, a palavra proferida. O que hoje é um sim, amanhã é um não. O que hoje é um sorriso, amanhã é uma lágrima. As palmadinhas nas costas depressa se tornam em pontapés. Que fizeste tu, ó ser racional, para acabares em tal destino egoísta? Dás vinagre a quem te deu um dia água, sorris desenvergonhado a quem te deu a mão para subir a escada. É vergonha que sinto por pertencer a tal raça.

Deitada no chão dou por mim a olhar para as pedras. Duras. Elas não amolecem só porque a chuva cai. Elas mantêm a sua forma, o seu pensamento, mesmo perante a maior das tempestades. Já o ser humano procura estar sempre virado de frente para o sol, de costas para os seus ideais. É o poder do dinheiro. É o poder do poder. Já não existem lutas de honra, o que mais vejo por aí são lutas de falsidade. Ganha aquele que conseguir enganar mais. E nós, os cegos, sorrimos porque acreditamos. E nós, os não cegos, deixamos de lutar porque a multidão está cega.




Há quem me pergunte: que podemos nós fazer?! Uma formiga passa ao meu lado, às costas leva uma migalha. E outra. E outra. Todas as formigas a caminharem na mesma direcção. Nenhuma quer roubar a migalha da outra. Nenhuma finge carregar a migalha que lhe pertence.

Há quem me pergunte: que podemos nós fazer?! Fingir que somos cegos também, mas com os olhos sempre prontos para abrir.

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